Ator Eliezer Falcão

Atores da peça “Paixão de Cristo” em Arapiraca denunciam calote

Mesmo tendo patrocínio dos governos federal, estadual e municipal, produtor teria se recusado a pagar o piso salarial dos atores da peça

Victor Avner - victoravner@yahoo.com.br

Desde 1995 acontece em Arapiraca a tradicional encenação da Paixão de Cristo. A festa está tão bem estruturada que faz parte do calendário cultural e turístico da cidade e já não é rara a presença de atores globais no elenco. Mas parece que mesmo assim a produção da peça não quer pagar os seus principais funcionários: os atores de Arapiraca.

De acordo com Eliezer Azevedo Falcão, a produção do evento não quis assinar contrato com elenco da peça e se recusou a pagar o piso salarial. Ele é ator profissional tendo inclusive trabalhado no filme Bem Amado, gravado em Marechal Deodoro. "Não havia lanche, nem sequer água para os atores. E ainda teve pessoas sem registro profissional trabalhando sem a autorização do sindicato", denunciou.

O ator Antônio Ferreira já fez parte diversas vezes do elenco da Paixão de Cristo em Arapiraca. Ele garante que só recebeu R$ 50 por todos os ensaios e dias de apresentação, muito diferente dos R$ 112 por dia que devem ser pagos, de acordo com as normas do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Alagoas (Sated/AL). "Ano passado ele só me pagou R$ 70 e só veio me pagar esse ano depois que o pessoal começou a denunciar essa situação", declarou.

Eliezer Azevedo Falcão, Antônio Ferreira e Fábio Serbim afirmam que produtor da “Paixão de Cristo” não quis pagar piso salarial
Os atores revelaram que entrarão com ações nos Ministérios Públicos Estadual e Federal pedindo uma auditoria nas contas da organização do evento. "O que a gente quer é saber é quanto entrou e quanto saiu de recursos. Porque se teve tanto patrocínio, não tem motivo pra essa demora no pagamento", disse Fábio Serbim, que fez papel de sacerdote na encenação pascoal.

Em uma matéria publicada em outro jornal de Alagoas, Wagno Godez afirmou que possuía em mãos recursos suficiente para custear todo o evento. A encenação teve entrada franca justamente por causa do elevado valor do repasse de recursos federais. A Paixão de Cristo em Arapiraca ainda teve apoio e patrocínio da Secretario de Estado da Cultura e da Prefeitura Municipal de Arapiraca.

OUTRO LADO - O produtor Wagno Godez afirmou que 80% dos funcionários que trabalharam no evento já foram pagos. "A demora [em efetuar o pagamento] é em relação aos trâmites burocráticos que a gente tem que seguir. Nós só recebemos a verba de patrocínio na semana da apresentação e só conseguimos começar a pagar há 15 dias. É um processo complicado", explicou.

Godez também desmentiu que não estaria pagando o piso salarial para os atores. "Pra quem tem DRT [re-gistro de trabalho], nós vamos pagar o piso. Isso foi uma negociação que fizemos com o Sated", argumentou. O produtor ainda disse que está providenciando o pagamento dos cachês de quem trabalhou em edições anteriores. O atraso teria sido provocado pela pouca captação de recursos.